Despesas não correntes: impacto na avaliação da empresa

Tempo de leitura: 4 minutos

Despesas não correntes

Despesas não correntes afetam diretamente a forma como os compradores avaliam uma empresa. Quando os empresários iniciam um processo de venda, confrontam-se frequentemente com uma diferença entre os resultados contabilísticos e o valor que o mercado reconhece. Esta diferença resulta, muitas vezes, do tratamento incorreto de despesas pontuais ou excecionais.

Por isso, os empresários que querem vender bem precisam de saber identificar, explicar e ajustar as despesas que não se repetem. Com esse trabalho feito, conseguem apresentar o verdadeiro potencial económico do negócio. Sem ele, abrem margem para negociações desfavoráveis ou perda de interesse por parte dos investidores.

Porque é que as despesas não correntes podem distorcer o valor real

Despesas não correntes representam custos pontuais, sem natureza recorrente, como indemnizações, encerramentos de operações, litígios, investimentos não estruturais ou gastos pessoais. Estas despesas, embora legítimas, não refletem o desempenho normal da empresa.

Por conseguinte, se permanecerem na demontração de resultados, reduzem o EBITDA e criam uma imagem errada da rentabilidade. Com essa distorção, os investidores podem interpretar a empresa como menos eficiente ou arriscada.

Além disso, a utilização de múltiplos de mercado para comparar empresas agrava o problema. Ao comparar um EBITDA penalizado com o de concorrentes normalizados, o comprador tende a valorizar a empresa abaixo do que seria justo.

Como os compradores analisam despesas não correntes

Despesas não correntes, quando mal explicadas, levantam dúvidas aos investidores mais experientes. Apesar de serem pontuais, exigem justificação técnica e documental para não comprometerem o valor do negócio.

Durante a due diligence, os compradores analisam em detalhe o histórico da empresa. Comparam rácios financeiros com dados de mercado e detetam rapidamente variações causadas por encargos excecionais.

Além disso, se os empresários não anteciparem estas questões, os compradores usam-nas para renegociar o preço ou alterar as condições da oferta. Em casos mais extremos, optam por abandonar o processo.

Por outro lado, quando os ajustes são bem fundamentados e explicados com clareza, os investidores aceitam os valores normalizados. Com isso, o processo decorre com mais confiança e transparência.

Termos e conceitos fundamentais na análise

EBITDA ajustado e normalização de despesas não correntes

Despesas não correntes devem ser removidas da Demonstração de Resultados, para o EBITDA apresentar o verdadeiro desempenho operacional da empresa. O EBITDA ajustado permite comparar empresas de forma mais justa e demonstra a capacidade real de gerar lucros.

Para garantir a aceitação desses ajustes, os empresários precisam de apresentar justificações com base em factos. Com documentação de suporte e critérios consistentes, os compradores reconhecem a validade da normalização.

No entanto, se os empresários excluírem despesas recorrentes ou aplicarem critérios diferentes ao longo dos anos, perdem credibilidade. Com isso, arriscam que o processo de venda fique comprometido.

Quality of Earnings e análise durante a Due Diligence

Despesas não correntes influenciam diretamente a análise da qualidade dos lucros. Com esta análise, os investidores distinguem entre lucros sustentáveis e lucros que resultam de eventos isolados.

Durante a due diligence, os investidores cruzam os números com a narrativa apresentada. Se encontrarem incoerências, colocam em causa a fiabilidade da informação.

Por isso, os empresários devem alinhar os números com a história que contam sobre o negócio. Com essa coerência, evitam suspeitas e reforçam a sua posição na negociação.

Contas pro forma e previsões financeiras credíveis

Despesas não correntes, quando bem identificadas, permitem construir contas pro forma mais realistas. Com estas contas, os empresários apresentam projeções com base num cenário normalizado e justificável.

Através das contas pro forma, os investidores avaliam o verdadeiro potencial da empresa. Com projeções bem estruturadas, percebem melhor o retorno esperado.

Contudo, os empresários não devem misturar melhorias operacionais com ajustes contabilísticos. Ao fazer essa distinção, aumentam a clareza da informação e ganham credibilidade.

Medidas práticas para corrigir e valorizar a empresa

Diagnóstico completo de despesas não correntes

Despesas não correntes exigem uma análise rigorosa. Os empresários devem rever os lançamentos dos últimos três a cinco anos e identificar todas as despesas com origem excecional.

Em seguida, devem construir quadros comparativos entre os valores reportados e os valores ajustados. Com documentação de suporte e explicações claras, mostram coerência e transparência.

Além disso, devem evitar ajustes que não consigam justificar tecnicamente. Com critérios objetivos, ganham o respeito dos compradores e fortalecem o processo de venda.

Reestruturação interna antes da venda

Despesas não correntes muitas vezes resultam de falhas estruturais. Ao rever a organização interna, os empresários eliminam causas de custos imprevistos e melhoram os seus indicadores financeiros.

Para isso, devem formalizar contratos, clarificar centros de custo e eliminar rubricas agregadas como “Outros”. Com essa reorganização, mostram uma estrutura mais profissional e previsível.

Com tempo, essas melhorias refletem-se nas contas e aumentam o valor percebido da empresa. Por isso, é aconselhável iniciar esse trabalho com seis a doze meses de antecedência.

Construção de uma narrativa financeira sólida

Despesas não correntes devem estar bem explicadas no Investor Deck e na apresentação financeira. Com gráficos e quadros claros, os empresários mostram o EBITDA reportado, o ajustado e os respetivos ajustes.

Ao criar duas versões, uma com os dados contabilísticos integrais e outra com os valores ajustados, os empresários demonstram transparência. Com isso, ganham confiança junto dos investidores.

Adicionalmente, devem adaptar a mensagem ao perfil do comprador. Com um discurso orientado para retorno ou sinergias, aumentam a probabilidade de gerar interesse real.

Sempre que existam litígios, multas ou passivos contingentes, devem ser explicados de forma direta. Ao mostrar como os resolveram e como evitaram reincidência, reduzem o risco percebido.

Checklist para empresários em fase de preparação

Despesas não correntes devem constar na checklist de preparação. Para garantir uma avaliação justa, os empresários devem:

  • Rever os lançamentos dos últimos anos e isolar todas as despesas excecionais
  • Organizar os documentos de suporte, como faturas, contratos e relatórios internos
  • Criar versões ajustadas das demonstrações financeiras e explicar cada ajuste
  • Alinhar os dados financeiros com o plano estratégico e a narrativa comercial
  • Antecipar as dúvidas dos investidores e preparar respostas fundamentadas
  • Estabelecer um calendário de preparação com pelo menos seis meses de antecedência
  • Aplicar critérios objetivos para decidir se a despesa deve ser ajustada

O papel da HMBO na gestão e correção de despesas não correntes

Despesas não correntes, quando mal tratadas, são uma das causas mais frequentes de desvalorização empresarial. A HMBO analisa estas situações com profundidade, corrige os desvios e ajuda a apresentar o verdadeiro valor do negócio.

Ao identificar e justificar cada despesa, a nossa equipa constrói relatórios credíveis e ajustados. Com esses documentos, apoiamos o empresário a negociar com base em dados sólidos e transparentes.

Graças a esta abordagem, os nossos clientes conseguem atrair mais investidores, reduzir riscos e maximizar o preço final da venda. Com uma preparação rigorosa, garantimos que a avaliação reflete o potencial real da empresa.

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