
Dívida é um dos fatores mais determinantes no valor final que um empresário recebe ao vender a sua empresa. Embora muitos se concentrem na rentabilidade e no crescimento, são os ajustamentos financeiros que ditam o montante efetivo a pagar. Estes ajustamentos baseiam-se na dívida, na caixa e no working capital. Se os empresários ignorarem estes três elementos, perdem margem negocial e comprometem o resultado da operação.
Na maioria das transações, os investidores começam por calcular o Enterprise Value (EV), que representa o valor da empresa antes de considerar dívida e caixa. Depois, subtraem a dívida líquida e ajustam com base no working capital (capital de giro). Esta metodologia leva a diferenças relevantes entre o valor que o empresário imagina e o valor efetivo da proposta.
Mesmo com um bom EBITDA, a empresa pode sofrer uma desvalorização se apresentar dívida elevada, falta de liquidez ou desequilíbrios operacionais. Nestes casos, o investidor ajusta negativamente a sua proposta. Além disso, os investidores avaliam a estrutura financeira com grande rigor, principalmente em processos com vários interessados.
Por outro lado, os empresários que mantêm financiamentos informais ou não documentam bem a sua dívida geram desconfiança no mercado. Por isso, estes casos afetam o múltiplo aplicável ao EBITDA. Ainda assim, este problema tem solução com preparação antecipada.
Nos setores mais capital-intensivos, como indústria e logística, os ajustamentos têm um impacto ainda maior. Nestes contextos, o peso dos inventários, dos prazos de pagamento e do volume de dívida bancária interfere diretamente no valor final. Se a estrutura societária envolver várias empresas ou contas conjuntas, torna-se essencial isolar bem a dívida de cada entidade. Caso contrário, o investidor ajusta o preço para refletir a incerteza.
Os investidores utilizam frequentemente o princípio de “cash-free, debt-free”. Por isso, assumem que a empresa não deve apresentar dívida nem caixa no momento do fecho. Assim, ajustam o valor de transação subtraindo a dívida líquida do Enterprise Value.
Para determinar o Enterprise Value, os investidores aplicam um múltiplo ao EBITDA e ajustam com base na estrutura financeira. Depois, subtraem a dívida financeira existente e adicionam a caixa efetivamente disponível. Se este cálculo não estiver claro, o investidor protege-se com cláusulas contratuais adicionais.
Na prática, a dívida vai além dos empréstimos bancários. De forma recorrente, inclui leasings, financiamentos entre sócios, dívidas fiscais ou laborais e provisões por garantias ou litígios. Além disso, muitos empresários recorrem a empréstimos pessoais para financiar a empresa. Se estes montantes não forem refletidos no balanço, o investidor considera-os dívida oculta.
Durante a due diligence, os investidores identificam obrigações não registadas com facilidade. Quando isso acontece, exigem ajustamentos imediatos no preço. Noutros casos, impõem retenções no pagamento ou pedem cláusulas de indemnização. Se as descobertas forem graves, alguns investidores abandonam a operação.
Ao detetar dívida oculta, como contratos de leasing mal classificados ou litígios não provisionados, o investidor reduz o valor proposto. Para evitar estas situações, o vendedor deve identificar e documentar todos os passivos antes de iniciar o processo.
Os empresários costumam assumir que a totalidade da caixa beneficia a valorização. No entanto, o investidor distingue entre caixa disponível e caixa operacional. Parte do saldo pode estar retida para garantir o funcionamento do negócio, sendo considerada “trapped cash”.
Muitos vendedores optam por retirar excedentes de caixa antes do fecho. Se o fizerem com critério e acordo contratual, não comprometem a operação. No entanto, quando essa retirada afeta o equilíbrio financeiro, o investidor exige compensações.
Durante a análise, o investidor avalia a liquidez da empresa com três perguntas: o valor em caixa é necessário à operação? Existe excesso que possa ser distribuído? Há défice que exija reposição? Dependendo das respostas, o ajustamento pode ser positivo ou negativo.
Em muitos casos, o investidor impõe um montante mínimo de caixa a manter até ao fecho. Esta exigência é comum em setores com necessidades operacionais elevadas. Se o saldo estiver abaixo do mínimo, o valor da proposta diminui.
O contrato de compra e venda pode adotar dois modelos: locked box ou closing accounts. No modelo locked box, as partes fixam os valores com referência a uma data anterior. Já no modelo closing accounts, o ajustamento decorre da análise das contas finais auditadas.
Nas operações internacionais, o impacto cambial da caixa multimoeda levanta questões adicionais. Nestes casos, o contrato define a taxa de câmbio a aplicar ou prevê mecanismos de compensação. Em paralelo, o tratamento fiscal da distribuição de caixa antes do fecho influencia a fatura de impostos do vendedor.
Quando o vendedor distribui dividendos sem planear os efeitos no working capital, o investidor interpreta essa ação como manipulação. Por isso, penaliza o valor da empresa. Além disso, valores bloqueados como garantias ou cauções não contam como caixa disponível. Se o vendedor não os excluir, o investidor ajusta o preço negativamente.
O working capital representa o capital necessário para financiar o ciclo operacional. A fórmula inclui inventários, contas a receber e contas a pagar. Quando bem gerido, reflete equilíbrio e previsibilidade.
Os investidores analisam o working capital para entender se a empresa consegue manter a sua atividade sem necessidade de financiamento externo. Se detetarem desequilíbrios, interpretam-nos como risco. Quando a empresa apresenta picos sazonais, os compradores exigem uma média ajustada à realidade.
O investidor observa com atenção a qualidade dos clientes e dos fornecedores. Se as contas a receber estiverem concentradas ou os prazos forem demasiado longos, o risco aumenta. Da mesma forma, inventários obsoletos ou excessivos penalizam o valor final.
Para definir o working capital-alvo, o vendedor deve usar uma média histórica de pelo menos 12 meses. Depois, deve ajustar por efeitos excecionais e comparar com práticas do setor. Ao seguir este processo, reduz a margem de contestação durante a negociação.
No momento do fecho, as partes comparam o working capital real com o alvo definido. Se estiver acima, o vendedor recebe um bónus. Se estiver abaixo, o valor da transação sofre uma dedução. Este ajustamento ocorre quase sempre e influencia diretamente o equity value.
Quando o vendedor não classifica corretamente saldos de fornecedores ou clientes, cria distorções. Estas distorções geram conflito e exigem ajustamentos adicionais. Em alguns modelos de negócio — como comércio eletrónico ou consultoria com pré-pagamentos — o working capital pode ser negativo. Se o modelo for sustentável, o investidor aceita. Caso contrário, exige capital adicional.
O valor final da empresa depende da combinação entre dívida, caixa e working capital. O investidor parte do Enterprise Value e aplica os ajustamentos com base nestes três fatores. Esta fórmula é prática e comum nos processos de M&A.
Muitos empresários sentem-se surpreendidos com o valor final da proposta. Isso acontece porque ignoram os efeitos destes ajustamentos. Quando se baseiam apenas no múltiplo de EBITDA, criam expectativas irrealistas.
Antes de iniciar o processo, o empresário deve rever e preparar estes indicadores. Deve reduzir a dívida sempre que possível. Em paralelo, deve organizar contas correntes e validar os saldos de caixa. Ao fazê-lo, reduz o risco de ajustamentos negativos.
A preparação inclui a reorganização da contabilidade. A empresa deve apresentar relatórios fiáveis e claros. Além disso, deve identificar itens litigiosos ou passivos contingentes que possam levantar dúvidas.
Os empresários devem simular cenários de ajustamento antes de ir ao mercado. Ao fazer isso, conseguem antecipar propostas e definir limites mínimos aceitáveis. A escolha entre locked box e closing accounts influencia o tipo e o momento dos ajustamentos.
Ferramentas de controlo interno e projeção de sensibilidade ajudam a avaliar o impacto de diferentes variáveis. Quando bem aplicadas, reforçam a confiança do investidor e aumentam o valor percebido da empresa.
Antes de apresentar a empresa a investidores, a assessoria ajuda a preparar toda a componente financeira. A equipa técnica simula ajustamentos prováveis, analisa contas e propõe ações corretivas. Esta preparação aumenta o controlo e reduz o risco.
Durante a negociação, a assessoria define os termos financeiros no contrato. As cláusulas relativas à dívida, à caixa e ao working capital ficam bem claras. Se não estiverem, o vendedor pode assumir riscos sem se aperceber.
O contrato pode incluir retenções que só são pagas após verificação dos dados. Também pode prever limites para indemnizações ou cláusulas de resolução de conflitos. Ao negociar bem estas condições, a assessoria protege o vendedor contra surpresas pós-fecho.
A coordenação entre equipa financeira, legal e fiscal garante coerência em todos os documentos. Quando há inconsistências entre as contas, o SPA (Share Purchase Agreement) e o Memorando Informativo, o investidor reduz o valor da proposta. Se tudo estiver alinhado, o processo decorre com mais fluidez.
No período pós-fecho, a assessoria acompanha a fase de verificação dos ajustamentos. Ao manter uma comunicação clara com o investidor , evita litígios e protege os interesses do vendedor. A experiência mostra que o controlo rigoroso do working capital pode gerar aumentos de valor expressivos.
Muitos empresários sentem dificuldades em apurar corretamente a dívida líquida, distinguir a caixa disponível ou estabelecer um working capital adequado. Quando não conseguem preparar estes indicadores, perdem força negocial e colocam em risco o valor da venda.
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