
Earnout é uma cláusula contratual que liga parte do valor da venda da empresa ao cumprimento de metas futuras. Este modelo ajuda a ultrapassar divergências na avaliação, tornando possível fechar negócios que, de outra forma, ficariam bloqueados.
Quando o empresário acredita no potencial de crescimento e o investidor exige garantias, o earnout permite avançar com uma parte fixa e condicionar o restante ao desempenho. Assim, ambas as partes protegem os seus interesses sem travar a transação.
O earnout aplica-se bem em empresas com histórico atípico, forte dependência do fundador ou ativos intangíveis relevantes. Também é útil em setores de rápido crescimento, como tecnologia ou saúde, e em empresas afetadas por eventos excecionais, como uma pandemia.
Apesar de ser uma solução eficaz, o earnout pode criar problemas se a empresa não tiver dados fiáveis ou se o ambiente de governação for instável. Nestes casos, o risco de conflito aumenta.
Em Portugal, os earnouts têm sido cada vez mais utilizados, especialmente em serviços especializados, clínicas privadas e start-ups, onde a valorização depende de resultados futuros.
O investidor reduz o risco de pagar por projeções incertas. O empresário mantém a oportunidade de captar valor adicional, caso o negócio cumpra os objetivos.
Além disso, o earnout incentiva o envolvimento do empresário após a venda. Este compromisso com os resultados melhora a transição, protege a equipa e ajuda a preservar a cultura da empresa.
Quando existem incertezas, esta estrutura oferece flexibilidade. Permite que o negócio avance mesmo que o histórico financeiro não reflita o verdadeiro potencial.
Normalmente, o earnout tem uma duração entre 12 e 36 meses, ajustando-se ao setor e ao ciclo económico. Alguns acordos incluem metas anuais com pagamentos faseados; outros definem um único pagamento após o período.
É aconselhável prever extensões automáticas em caso de força maior, como alterações legais ou crises.
A maioria dos contratos usa métricas financeiras como EBITDA, lucro líquido ou volume de negócios. Em empresas com atividade comercial intensa, pode-se recorrer a metas como contratos assinados, novos clientes ou expansão de mercado.
Em certos setores, os critérios não financeiros ganham relevância. Metas relacionadas com ESG, inovação ou retenção de talentos são possíveis, desde que bem definidas e auditáveis.
O pagamento do earnout pode ser feito de uma só vez ou em tranches, dependendo da estrutura do acordo. Pode ser em dinheiro, ações ou instrumentos híbridos, conforme o perfil do investidor e a estratégia do empresário.
Alguns contratos incluem mínimos garantidos, enquanto outros estabelecem pagamentos variáveis, ligados a metas faseadas.
É comum definir um teto máximo (cap) para limitar a exposição do investidor. Certos eventos, como revenda da empresa, falência ou morte do empresário, podem ativar cláusulas de aceleração ou cancelamento.
Algumas estruturas incluem:
Quando o empresário continua na operação, o acordo deve definir claramente o seu papel. Caso contrário, surgem tensões entre as decisões estratégicas do investidor e os objetivos operacionais do empresário.
Em certos casos, há conflito entre metas de curto prazo e investimentos de longo prazo. Por isso, o equilíbrio entre autonomia e supervisão torna-se essencial.
Indicadores mal escolhidos ou regras contabilísticas pouco claras geram conflitos. Para evitar litígios, é fundamental fixar critérios objetivos e práticas contabilísticas consistentes.
Além disso, o contrato deve prever o impacto de fatores externos, como a perda de clientes-chave ou alterações regulatórias.
O empresário deve ter direito a auditorias independentes e acesso aos dados necessários para confirmar os resultados. Um processo de verificação claro reduz o risco de contestação.
Quando surgem divergências, os mecanismos de arbitragem especializados garantem maior eficiência do que os tribunais comuns.
O contrato de earnout deve incluir: metas definidas, fórmulas de cálculo, formas de pagamento, prazos e sanções. Também deve prever obrigações de ambas as partes, com penalizações para comportamentos que comprometam os objetivos.
Em termos fiscais, o earnout é geralmente tributado como mais-valia. A aplicação de retenções na fonte e regras de tributação por regime de caixa ou de competência deve ser analisada caso a caso.
Nas transações internacionais, convém estudar as convenções para evitar dupla tributação, garantindo que não há penalizações fiscais inesperadas.
O empresário deve negociar metas que dependam da sua atuação direta. Também deve garantir acesso à informação, valores mínimos e limites aos efeitos de decisões do investidor.
Quando possível, é útil prever direitos de veto em decisões com impacto relevante no desempenho da empresa.
O investidor deve garantir liberdade de gestão futura e limitar a dependência do empresário. As metas devem ser realistas, mensuráveis e adaptadas ao plano de integração da empresa.
Além disso, o investidor deve criar incentivos à retenção de talento e à execução de sinergias, sempre com foco no longo prazo.
Em Portugal, o uso de earnouts já permitiu fechar operações em setores como software, clínicas médicas, marcas premium e restauração organizada. Nestes casos, o mecanismo funcionou como ponte entre valor percebido e realidade operacional.
Por outro lado, alguns litígios surgiram de critérios mal definidos, alterações unilaterais na gestão e falta de acompanhamento. Estes erros mostram a importância de um contrato sólido e de um processo bem acompanhado.
A estruturação de um earnout exige conhecimento técnico, capacidade negocial e sensibilidade estratégica. Quando mal desenhado, transforma-se num risco. Quando bem estruturado, representa uma oportunidade real.
Na HMBO, ajudamos empresários a usar o earnout como ferramenta de valorização. Trabalhamos com dados fiáveis, métricas claras, cenários bem definidos e cláusulas que protegem todas as fases da operação.
Aplicamos uma abordagem integrada: fazemos modelação financeira, antecipamos implicações fiscais e acompanhamos a negociação com foco no equilíbrio contratual. A nossa equipa conhece a lógica dos investidores e adapta o contrato à realidade do vendedor.
Ao lado da HMBO, o empresário entra no processo com segurança total. Ganha controlo sobre as condições, reduz riscos e maximiza o valor real da operação. O earnout deixa de ser um risco e passa a ser um trunfo negocial bem preparado.
Está a pensar vender a sua empresa? Fale connosco!