
Manufacturing as a Service está a transformar a forma como a indústria europeia produz, investe e cresce. Este modelo substitui a dependência de fábricas próprias por plataformas digitais que oferecem produção como serviço, com escalabilidade, flexibilidade e custos ajustáveis.
Por isso, as empresas já não precisam de investir em maquinaria para aceder a capacidade produtiva. Além disso, conseguem responder de forma mais rápida às flutuações da procura e reduzir o risco operacional. Assim, os investidores veem neste modelo uma nova forma de criar valor com menos capital e maior previsibilidade.
Durante décadas, as empresas industriais criaram valor com ativos físicos e equipas internas. Entretanto, o mercado começou a valorizar agilidade, integração tecnológica e personalização em escala. Dessa forma, o modelo tradicional perdeu vantagem competitiva em sectores com maior pressão de inovação e velocidade. Hoje, o Manufacturing as a Service responde diretamente a essas exigências, com uma abordagem mais leve, conectada e ajustável.
O modelo baseia-se em cinco pilares claros. Em primeiro lugar, a produção só acontece após confirmação da encomenda, evitando excesso de stock. Depois, as plataformas colaborativas interligam fábricas em rede, redistribuindo a carga produtiva. Além disso, os processos são controlados e ajustados por software, com monitorização em tempo real. Em paralelo, os serviços logísticos integram rastreio, controlo de qualidade e entrega final. Finalmente, os clientes conseguem obter orçamentos automáticos, protótipos rápidos e produtos personalizados a preços competitivos.
A evolução da Indústria 4.0 sustenta este modelo. Com isso, sensores, robôs e gémeos digitais passaram a fazer parte do chão de fábrica. Consequentemente, as empresas conseguem simular, ajustar e controlar a produção à distância. Nesse sentido, o Manufacturing as a Service aproveita esta infraestrutura digital para oferecer capacidade produtiva sob demanda, com níveis de eficiência antes inacessíveis às PME. Por essa razão, este modelo ganha terreno em todos os segmentos industriais da Europa.
As plataformas como Xometry, 3D Hubs ou Weerg estão a expandir-se rapidamente. Graças a isso, qualquer empresa pode encomendar peças ou protótipos com poucos cliques. Em Portugal, várias PME já integram estas redes para aproveitar capacidade ociosa. Com isso, conseguem aumentar receitas sem expandir fisicamente. Além disso, a interoperabilidade entre plataformas permite operar em vários mercados ao mesmo tempo, sem criar estruturas comerciais próprias.
O modelo favorece uma produção descentralizada, próxima do cliente final. Dessa forma, reduz-se o tempo de entrega e os custos de transporte. Ao mesmo tempo, a pegada ecológica diminui, o que beneficia a reputação ESG das empresas. Por isso, o Manufacturing as a Service tornou-se uma solução estratégica para empresas que querem crescer sem comprometer os critérios de sustentabilidade.
A personalização deixou de ser um luxo. Com IA, as empresas ajustam automaticamente os parâmetros de produção a cada cliente. Assim, conseguem fabricar produtos únicos com custos comparáveis à produção em série. Nos sectores automóvel, médico e de design técnico, esta capacidade já é uma vantagem competitiva real. Para os investidores, isto traduz-se em margens mais altas e maior fidelização de clientes.
O uso de Digital Twins e sensores IoT permite acompanhar a produção em tempo real. Como resultado, as empresas identificam falhas mais cedo e reduzem paragens. Além disso, os sistemas geram dados que ajudam a melhorar continuamente os processos. Estas funcionalidades são hoje parte do standard em qualquer plataforma de Manufacturing as a Service.
A União Europeia e o PRR em Portugal estão a financiar projetos industriais digitais. Graças a isso, empresas que adotam o modelo MaaS beneficiam de incentivos para investimento e modernização. Além disso, projetos com impacto ESG ou vocação exportadora têm prioridade nas candidaturas. Dessa forma, o risco de entrada no setor reduz-se e a atratividade para investidores aumenta.
A digitalização cria novos riscos, mas também novas soluções. Com o aumento do fabrico distribuído, a proteção de ficheiros e dados tornou-se crítica. Por isso, as plataformas implementam encriptação, controlo de acessos e blockchain para proteger a propriedade intelectual. Ao mesmo tempo, o modelo permite rastrear emissões por encomenda, otimizar recursos e reduzir desperdício. Para os fundos com critérios ESG, o Manufacturing as a Service oferece métricas claras e impacto positivo quantificável.
Os grandes grupos industriais estão a adquirir empresas tecnológicas para acelerar a transformação. Por exemplo, a Siemens comprou a Senseye para reforçar a sua capacidade de manutenção preditiva. Com estas aquisições, reduzem-se prazos, aumenta-se o controlo e ganham-se sinergias reais.
As empresas com modelo MaaS valem mais pelos seus ativos intangíveis do que pelas máquinas. Por isso, a due diligence foca-se na qualidade do software, base de clientes, capacidade de integração e volume de dados. Neste contexto, a avaliação tradicional perde relevância e o conhecimento técnico torna-se essencial.
Em Portugal, várias fábricas já se transformaram em hubs MaaS. Em Braga, uma unidade tradicional foi reconvertida para servir o setor biomédico europeu. Na Marinha Grande, empresas da área dos moldes integram redes europeias de fabrico técnico. Estes exemplos mostram que o modelo não é apenas teórico e já gera valor económico concreto.
Os targets mais promissores em fase muito inicial no universo Manufacturing as a Service combinam uma proposta de valor clara, um posicionamento bem definido num nicho técnico e uma equipa fundadora com experiência relevante. Mesmo sem clientes ativos, empresas com modelo validado, prototipagem avançada e arquitetura tecnológica preparada para integração já demonstram potencial de tração e capacidade de resposta rápida ao mercado. Para investidores estratégicos, representam uma entrada qualificada e precoce num setor com elevado potencial de consolidação.
Os targets mais atrativos em fase madura no setor Manufacturing as a Service combinam uma base instalada sólida, clientes empresariais recorrentes e uma plataforma tecnológica testada em escala real. Com receita previsível, operações digitalizadas e capacidade de adaptação a múltiplos setores, estas empresas apresentam fundamentos operacionais robustos e potencial imediato de crescimento por integração ou expansão geográfica. Para fundos com foco industrial, representam uma alavanca de consolidação estratégica com risco operacional controlado.
Nem todas as empresas etiquetadas como MaaS têm a estrutura ou competência para escalar. Algumas dependem excessivamente de plataformas externas, o que limita o controlo e expõe a riscos contratuais. Outras não têm equipas técnicas para suportar o crescimento após a aquisição. Além disso, muitos ativos intangíveis estão mal valorizados ou baseiam-se em métricas inconsistentes. Por isso, os investidores devem aplicar critérios rigorosos e acompanhamento técnico durante o processo de avaliação.
Na HMBO, acompanhamos investidores institucionais em processos de M&A no setor industrial, com especialização em modelos digitais e escaláveis. Atuamos desde a origem da oportunidade até à integração pós-fecho, com foco em risco tecnológico, escalabilidade operacional e retorno estratégico.
Conduzimos due diligence especializada, avaliamos a maturidade digital dos ativos, desenhamos sinergias realistas e estruturamos a operação a nível jurídico e financeiro. Com a nossa experiência, distinguimos rapidamente os ativos que prometem dos que realmente entregam.
Com o nosso apoio, os investidores acedem a um processo rigoroso, multidisciplinar e orientado para valor. No universo Manufacturing as a Service, o risco existe, mas, quando bem gerido, transforma-se em oportunidade concreta.
Se está a analisar oportunidades no setor industrial digital ou a preparar uma entrada estratégica no ecossistema MaaS, fale connosco.