
Mezzanine é uma solução eficaz para financiar aquisições, crescimento ou reestruturações sem perder o controlo da empresa. Este instrumento situa-se entre a dívida tradicional e o capital próprio, combinando elementos dos dois.
Por isso, os investidores exigem maior retorno em troca do risco superior, mas aceitam subordiná-lo à dívida sénior. Além disso, a conversão em ações só acontece em situações previstas contratualmente, como metas atingidas ou incumprimentos.
Durante os anos 80, o mezzanine ganhou expressão nos Estados Unidos em operações de leveraged buy-out. A seguir, alargou-se à Europa e tornou-se cada vez mais comum em mercados emergentes e PME. Atualmente, Portugal acompanha essa tendência com soluções híbridas adaptadas à realidade local.
Nos contratos, surgem frequentemente expressões como subordinated notes, IRR target ou convertible instruments. Da mesma forma, incluem-se cláusulas de call, put, trigger events e step-up rates, que refletem a flexibilidade e complexidade deste tipo de financiamento.
Os instrumentos híbridos oferecem rendimento fixo e exposição ao crescimento da empresa. O mezzanine é o formato mais usado dentro desta categoria.
Enquanto o equity implica diluição imediata, o mezzanine permite adiar essa cedência até que certas condições se verifiquem. Já em relação à dívida bancária, exige maior retorno, mas permite maior personalização contratual.
Normalmente, os formatos incluem obrigações convertíveis, participações preferenciais e estruturas de quasi-equity. Estes adaptam-se à capacidade da empresa gerar caixa e às expectativas de retorno do investidor.
Contabilisticamente, a classificação como capital próprio ou dívida depende dos direitos associados ao título. Por consequência, afeta diretamente os rácios financeiros e a perceção do risco.
Fiscalmente, a dedutibilidade dos juros pode representar uma vantagem. No entanto, a conversão em capital pode gerar efeitos tributários diferidos, pelo que é necessário analisar cada caso com rigor.
Do ponto de vista prudencial, o mezzanine pode melhorar a imagem financeira da empresa se estiver bem posicionado no balanço. No entanto, aumenta a alavancagem e exige maior disciplina de reporte.
O mezzanine permite financiar aquisições sem recorrer a aumentos de capital. Em vez de diluir os acionistas atuais, acrescenta uma camada de financiamento flexível, subordinada à dívida bancária.
Quando a empresa enfrenta limitações de crédito, o mezzanine preenche o espaço entre o capital disponível e o valor da transação. Além disso, permite agir rapidamente sem negociar participações com novos sócios.
Em estratégias de buy-and-build, o mezzanine financia a primeira aquisição e viabiliza aquisições subsequentes. Dessa forma, evita renegociações repetidas ou múltiplas rondas de capital.
Em operações de Management Buy-Out, o mezzanine permite à equipa de gestão financiar a compra da empresa. Em vez de ceder controlo, os gestores mantêm a operação ativa e alinhada com os seus objetivos.
Quando os fundos de private equity entram, recorrem frequentemente ao mezzanine para equilibrar risco e retorno. Por isso, negociam cláusulas de conversão, bónus de desempenho e direitos de saída preferenciais.
Para alinhar incentivos, muitas estruturas incluem stock options ou phantom shares. Dessa forma, asseguram que a equipa de gestão se beneficia diretamente do sucesso da operação.
O mezzanine é útil em fusões e aquisições entre empresas com necessidades diferentes de capital e controlo. Em setores regulados, como energia ou transportes, facilita a integração sem perturbar a estrutura acionista.
Durante processos de turnaround, permite financiar a recuperação sem recorrer a novos acionistas. Assim, a empresa preserva a estabilidade até retomar a trajetória de crescimento.
Em reestruturações societárias, o mezzanine serve para recomprar participações ou substituir capital próprio. Nesses casos, os reembolsos faseados e a conversão futura garantem flexibilidade e previsibilidade.
As condições contratuais do mezzanine exigem atenção detalhada. Os juros variam entre 10% e 15%, refletindo o risco assumido.
Além disso, os contratos estabelecem prazos entre 5 a 7 anos, com amortizações definidas ou pagamento final em bullet. Também preveem conversão em capital, total ou parcial, com base em condições específicas.
Em caso de incumprimento, cláusulas como step-up rates ou trigger events protegem o investidor. Para assegurar a ordem de pagamentos, os contratos devem prever acordos claros de subordinação face à dívida bancária.
Ao nível da governação, os investidores podem integrar conselhos consultivos e receber relatórios regulares. Em momentos críticos, exercem direitos de veto ou cláusulas de saída com os acionistas.
O mezzanine permite financiar crescimento sem ceder controlo. Além disso, reforça os capitais próprios contabilísticos e melhora a imagem da empresa perante financiadores.
Com prazos alargados e reembolsos flexíveis, liberta tesouraria para investir na operação. Em contextos estratégicos, esta vantagem torna-se decisiva.
No entanto, o custo do mezzanine é superior ao da dívida tradicional. Por isso, só compensa quando a empresa tem margens sólidas e geração de caixa previsível.
Além disso, o risco de conversão em capital exige planeamento. Se a empresa não atingir as metas, os investidores podem tornar-se acionistas com influência.
Por fim, a exigência de transparência e reporte é superior à da banca. Sem preparação adequada, o empresário pode sentir-se condicionado no processo de gestão.
Antes de avançar, a empresa deve avaliar os seus rácios de alavancagem, a estabilidade dos cash-flows e a maturidade da sua estrutura. Sem estas condições, o risco pode superar os benefícios.
Se houver perspetivas sólidas de crescimento ou desinvestimento, o mezzanine é uma solução adequada. No entanto, exige uma estratégia clara e horizonte de liquidez bem definido.
O perfil do investidor também influencia a escolha. Fundos financeiros procuram retorno fixo com menor interferência. Investidores estratégicos podem aceitar maior risco em troca de influência no negócio.
Finalmente, o empresário deve avaliar a sua capacidade de negociação. Sem conhecimento técnico, é fácil aceitar cláusulas prejudiciais ou mal ajustadas aos objetivos da operação.
O mercado português está a integrar cada vez mais soluções de mezzanine em processos de M&A. PME com EBITDA entre 2 e 10 milhões recorrem a este instrumento para crescer, consolidar ou vender com eficiência.
Os family offices e fundos de dívida privada mostram interesse crescente por estas estruturas. Em empresas familiares, o mezzanine permite financiar a sucessão ou a expansão sem abrir capital.
No Brasil, Angola e Moçambique, o mezzanine já financia projetos em energia solar, concessões públicas e logística. Nestes países, o enquadramento legal e fiscal exige ajustamentos específicos, mas o potencial é elevado.
Um mezzanine mal estruturado pode ser um obstáculo sério numa venda. Durante a due diligence, os investidores penalizam estruturas opacas, mal documentadas ou com risco excessivo.
Na HMBO, analisamos o impacto dos instrumentos híbridos no valor da empresa e ajustamos a estrutura de capital para não comprometer a negociação. Ajudamos empresários a integrar ou reestruturar mezzanine de forma a reforçar a atratividade da operação.
Com a nossa ajuda, a empresa apresenta contas claras, contratos sólidos e argumentos que resistem à análise. Dessa forma, o empresário protege a sua margem de negociação e maximiza o valor final da transação.
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