
ESG (ambiental, social e de governação) tornou-se um critério central na avaliação de empresas à venda. Já não se trata apenas de reputação. Hoje, investidores sérios analisam o desempenho ESG com o mesmo rigor que aplicam às finanças ou à estrutura societária. Por isso, quando esse desempenho é inexistente ou mal apresentado, o impacto negativo no múltiplo é imediato.
Durante anos, os empresários viam a sustentabilidade como uma obrigação ética. Agora, o ESG representa risco financeiro, acesso a capital e vantagem competitiva. Por conseguinte, as empresas com práticas sólidas nesta área tornaram-se mais previsíveis, mais eficientes e mais valorizadas.
Hoje, fundos de investimento, bancos, grupos estratégicos e cadeias de fornecimento exigem critérios ESG bem definidos nos seus processos de decisão. Assim, esta exigência deixou de ser uma questão moral e passou a ser uma leitura rigorosa de risco. Além disso, empresas com passivos ambientais, conflitos laborais ou falhas de compliance são descartadas sem hesitação.
A regulação europeia acelerou esta mudança. Por exemplo, diretivas como a CSRD impõem métricas objetivas e relatórios padronizados. Ao mesmo tempo, consumidores, trabalhadores e investidores passaram a exigir provas concretas de compromisso com o propósito. Por isso, quem ignora o ESG ignora o mercado.
O pilar ambiental inclui emissões, uso de recursos, gestão de resíduos e exposição a riscos ecológicos. Nesse sentido, empresas com práticas ineficientes ou vulneráveis a sanções ambientais são penalizadas na avaliação. Em contrapartida, aquelas que adotam medidas de eficiência energética ou neutralidade carbónica destacam-se claramente.
O pilar social contempla condições laborais, diversidade, formação contínua e impacto nas comunidades. Dessa forma, estes elementos influenciam diretamente a produtividade, a estabilidade das equipas e o risco reputacional. Assim, investidores atentos ao risco social valorizam empresas com práticas bem estruturadas.
A governação diz respeito à estrutura acionista, transparência, ética corporativa e sistemas de controlo interno. Quando esses mecanismos falham, a empresa transmite instabilidade e gera desconfiança. Por outro lado, práticas de governação sólidas fortalecem a confiança e justificam prémios de avaliação.
O ESG afeta diretamente a perceção de risco e, com isso, o múltiplo aplicável à empresa. De facto, empresas com desempenho ESG positivo são vistas como mais sustentáveis, mais bem preparadas para o futuro e menos arriscadas. Como resultado, justificam múltiplos superiores.
Já empresas com falhas evidentes ou sem qualquer reporting estruturado enfrentam penalizações relevantes. Por conseguinte, investidores estratégicos evitam empresas desalinhadas com os seus valores. Em paralelo, investidores financeiros penalizam a falta de dados concretos.
Em vários setores, a diferença de múltiplos entre empresas com e sem práticas ESG pode ultrapassar os 20%. Por isso, este diferencial não é uma moda é uma realidade de mercado cada vez mais consolidada.
O ESG também afeta diretamente os cash-flows operacionais. Com efeito, empresas que adotam boas práticas ESG operam com maior eficiência, apresentam margens mais estáveis e reduzem perdas inesperadas. Além disso, clientes e parceiros preferem relacionar-se com empresas que demonstram responsabilidade real.
Dessa forma, o resultado traduz-se em maior fidelização, contratos mais estáveis e fluxos de receita mais previsíveis. Em consequência, a integração ESG melhora a qualidade dos cash-flows futuros.
Investidores valorizam essa estabilidade. Assim, estão dispostos a pagar mais por empresas que geram resultados consistentes com menor volatilidade.
Nem todos os fatores ESG têm o mesmo peso em todos os setores. Por isso, a materialidade varia de acordo com a atividade da empresa. Na indústria, o foco incide nas emissões e na gestão de resíduos. Em tecnologia, os temas mais críticos são governação e proteção de dados. Já no retalho, a atenção centra-se em condições laborais e impacto social.
Ferramentas como a SASB e a GRI ajudam a identificar os temas materiais relevantes. Quando o ESG não está alinhado com os riscos reais do setor, o discurso torna-se genérico e perde credibilidade. Por isso, há empresas com relatórios muito bonitos, mas métricas desalinhadas e os investidores percebem isso rapidamente.
Num processo de venda, a análise ESG integra a due diligence ao lado das componentes financeira, legal e operacional. Por isso, os investidores procuram políticas escritas, indicadores consistentes, histórico de incidentes e eventuais passivos ocultos.
Empresas bem preparadas apresentam dossiês ESG robustos, com relatórios auditáveis, políticas formalizadas e métricas objetivas. Pelo contrário, lacunas nesta área conduzem a ajustes no preço ou a negociações mais difíceis. Em casos mais sérios, afastam o investidor.
Falar de ESG sem provas concretas é um risco elevado. Na verdade, investidores experientes identificam facilmente greenwashing linguagem vaga, promessas sem plano, ausência de dados ou relatórios inconsistentes.
Estes sinais alimentam desconfiança e comprometem a reputação do ativo. Pelo contrário, uma narrativa ESG sustentada em indicadores auditáveis e ações consistentes reforça a credibilidade e a atratividade da empresa.
O mercado já não tolera improviso. Por isso, normas como a SASB, GRI, TCFD e mais recentemente, a CSRD, passaram a ser referência no reporting ESG. Estas estruturas garantem rigor, comparabilidade e alinhamento com o que os investidores valorizam.
Ratings ESG, como os da MSCI ou Sustainalytics, influenciam diretamente o interesse de investidores institucionais. Contudo, a diversidade de metodologias e critérios obriga a uma preparação cuidadosa. Mesmo empresas não cotadas devem estruturar o seu reporting com base nestas frameworks.
A CSRD, que passará a aplicar-se a muitas PME portuguesas, representa uma viragem obrigatória no modo como as empresas comunicam a sua performance ESG.
O ESG não é apenas um escudo contra riscos. Em muitos casos, torna-se o motor da valorização da empresa. Empresas que usam o ESG para inovar, transformar processos e atrair talento aumentam quota de mercado e diferenciam-se no momento da venda.
Em Portugal, existem já exemplos concretos nos setores da energia, agroalimentar e serviços, onde o ESG permitiu fechar negócios mais rápidos e com múltiplos mais altos. Além disso, empresas bem posicionadas em ESG acedem com mais facilidade a financiamento verde e linhas de crédito com condições vantajosas.
Muitas PME e empresas familiares ainda veem o ESG como um tema complexo e distante. Porém, as principais dificuldades como a falta de estrutura interna ou a resistência à mudança podem ser superadas com um plano adaptado à realidade da empresa.
A preparação passa por identificar os temas materiais relevantes, implementar políticas básicas e garantir um reporting ajustado. Esta preparação pode determinar se a empresa é incluída ou excluída de um processo de venda estratégico.
A avaliação ESG não depende apenas da empresa depende também da sua cadeia de valor. Clientes, trabalhadores e fornecedores estão cada vez mais atentos às práticas de responsabilidade e transparência.
Ignorar esta pressão pode excluir a empresa de contratos estratégicos. Pelo contrário, integrar os stakeholders na estratégia ESG reforça a reputação, a estabilidade e o valor percebido do negócio.
Os analistas utilizam métricas específicas para avaliar o desempenho ESG. Do lado ambiental, analisam emissões, consumo energético e eficiência hídrica. No pilar social, avaliam rotatividade, diversidade e absentismo. Em governação, consideram a independência dos órgãos sociais, políticas anticorrupção e transparência.
Estas métricas já fazem parte dos modelos de avaliação financeira. Por isso, influenciam os múltiplos aplicáveis, a perceção de risco e o interesse por parte dos investidores certos.
O ESG continua a ser uma área pouco dominada por muitas empresas portuguesas. A ausência de reporting, a dificuldade em definir indicadores relevantes e o medo de parecer greenwashing afetam diretamente a avaliação. Em muitos casos, estes problemas só são detetados durante a due diligence, quando já é tarde para os corrigir.
Na HMBO, ajudamos os nossos clientes a antecipar e estruturar esta dimensão com método. Avaliamos o ponto de partida, identificamos os fatores materiais relevantes e criamos um plano prático para estruturar políticas, métricas e documentos que reforcem o valor da empresa.
Com este trabalho, os nossos clientes destacam-se no mercado, evitam ajustes negativos e atraem investidores mais preparados para fechar. O ESG deixa de ser um entrave e passa a ser um argumento de venda.
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